Foi para ter mais tempo em família que a lutadora Kyra Gracie e o ator Malvino Salvador resolveram abrir uma academia. Afinal, ao lado das filhas, e de preferência num tatame, é onde os dois mais gostam de estar. No fim de março, o casal vai inaugurar no Vogue Square, na Barra da Tijuca, um centro para disseminar o lifestyle e os ensinamentos da família dela, cujo sobrenome está presente em mais de 3 mil espaços pelo mundo.
Com foco nas mulheres e nas crianças, o Gracie Kore será uma espécie de “academia butique”, com serviços como aluguel de quimonos, brinquedoteca e café.
— A maternidade me despertou a vontade de continuar o legado da minha família, de poder transmitir para as minhas filhas e para os nossos alunos todos os benefícios do jiu-jítsu — afirma Kyra, que, junto com uma psicopedagoga, desenvolveu um método para crianças a partir dos seis meses.
Malvino conta que, em casa, Ayra (3 anos) e Kyara (1) começaram cedo a aprender as técnicas de rolamento:
— É tradição dos Gracie. Eles já nascem dando golpes — brinca ele, ressaltando que tudo se dá de forma muito lúdica, com orientação de uma equipe de psicomotricidade.
Além dos treinos, o centro terá cursos temporários, com temas como “empoderamento feminino aliado à prática de defesa pessoal” e “antibullying para crianças”, com o acompanhamento de psicólogos.
— O bullying é algo progressivo. Se uma criança tira sarro e a outra não reage, isso vai aumentando. A ideia é ensiná-la a identificar e a reagir sem brigar, mostrando o que ela aceita ou não — afirma Malvino.
Ele próprio relata que o primeiro bullying que sofreu foi por volta dos 5 anos, ainda em Manaus:
— Tinha um menino que era amigo de um fortão e mexia comigo. Mais tarde, aconteceu novamente. Acho que reagi porque fazia judô, mas não precisei nem brigar.
Com Kyra não foi diferente. Na escola, ela era a menina que fazia jiu-jítsu, e, em casa, venceu o preconceito da família, que só admitia que os homens lutassem profissionalmente. Acabou se tornando pentacampeã mundial e uma das maiores incentivadoras da inclusão feminina no tatame. A Copa Kyra Gracie, que acontece em março, por exemplo, é um torneio exclusivamente feminino organizado por ela no Rio:
— Espero que seja um primeiro passo na busca pela igualdade de gênero no jiu-jítsu. Hoje, um homem ganha US$ 50 mil de premiação, enquanto as mulheres recebem US$ 5 mil.
Em casa, eles praticam, sem estresse, o discurso feminista.
— Não tem essa de ela faz isso e eu aquilo. A gente se ajuda, observando aquilo de que o outro precisa. Cresci rodeado de mulheres, tenho uma irmã, dois anos mais nova, e muitas primas. Eu era quase obrigado a brincar de boneca com elas. E nunca levei bronca dos meus pais porque isso é “coisa de menina”.
Deve ser por esse motivo que o ator deixa de opinar nas escolhas fashion de Kyra, que nunca abriu mão da vaidade e lançou moda com seu quimono rosa:
— Malvino não é aquele marido que reclama de esperar na loja. Pelo contrário, diz o que fica bom e, quando compro sozinha e ele não gosta, acabo trocando a peça.
Já no tatame, é ela quem dita as regras:
—Eu deixo ele ganhar, às vezes! Mas o Malvino é ótimo no boxe e não me dá moleza. Além de nos ajudar a evoluir como artistas marciais, o treino nos permite passar mais tempo juntos.
Em cartaz com a peça “Boca de Ouro”, no Teatro Sesc Ginástico, e gravando a próxima novela das 18h , “Orgulho e Paixão”, Malvino conta que, quando está em casa, só tem olhos para as filhas. Decorar texto e resolver problemas? Só de madrugada, quando elas estão dormindo:
— A academia fica perto da nossa casa, para que possamos levar nossas filhas e incluí-las nessa nossa rotina. A ideia é estimular outras famílias a fazerem o mesmo — diz Malvino, que também é pai de Sofia, fruto de outro relacionamento, e não descarta mais filhos.
Mais Gracie, impossível.
Fonte: Ela – O Globo